Meu Tio
Diretor: Jaques Tati
Duração: 1h 50min
Elenco: Jacques Tati, Jean-Pierre Zola, Alain Becourt, Lucien Fregis, Betty Schneider
Meu Tio é um filme ítalo-francês, dirigido por Jaques Tati. Se passa em 1958 e conta a história de Hulot, um solteirão. O filme é uma crítica ao positivismo. Uma corrente filosófica criada por Augustus Comte (1798-1857), que defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. Segundo os positivistas uma teoria só pode ser comprovada por métodos científicos.
O moderno e
o tradicional se encontram em vários momentos do filme “Meu Tio”. Hulot_ o tio,
que pode ser visto aqui como o lado tradicional, levava uma vida normal na
periferia da cidade, onde as pessoas tinham pouco contato com a tecnologia, um
cenário do filme que é mais colorido e movimentado. Hulot, ao contrário da
família de sua irmã, que vivia na parte rica da cidade, cercada por tecnologia,
tinha um comportamento mais espontâneo, que era refletido em seus gestos e suas
roupas.
Tati faz uma
crítica ao mundo moderno, quando mostra a vida da família Arpel, onde o cenário
é monocromático, mecânico, frio e vazio. Esses traços transpareciam no
comportamento do Sr. e da Srª Arpel, que eram totalmente dependentes da
tecnologia. Essa crítica feita pelo diretor, se refere também ao positivismo
(que acredita que a sociedade funciona de forma mecânica linear, esquecendo-se
das variações e contrastes existentes nelas), uma vez que no filme as
personagens ricas, eram altamente dependentes da tecnologia e viviam todos os
dias da mesma maneira, exergando essa rotina mecanizada como o único modo bom e
correto de se viver.
Essa
modernidade excessiva acabava interferindo na comunicação entre as pessoas.
Assim, acontecia na família de Gerárd. Seus pais praticamente não dialogavam e
quando isso acontecia, os ruídos provocados pelos aparelhos super modernos que
eles possuíam_ como o aspirador de pó, o fogão automático, o aparelho de
barbear elétrico, entre outros, acabavam por impedir que eles interagissem. Em
contraposição a falta de interação humana, a comunicação no filme, ganha um
novo significado, como na afirmação da Srª Arpel que diz que “todos os cômodos
da casa se comunicam”.
Em muitos
momentos do filme, é possível ver que a tecnologia exagerada usada pela família
Arpel, torna-se um elemento, que ao invés de melhorar a vida acaba por gerar um
transtorno para eles. Como por exemplo na cena em que a Srª Arpel dá um portão
de garagem automático de presente de aniversário de casamento para o marido. Esse
portão se abre através de um sensor de movimento, no entanto ao demonstrar para
o marido como o portão funciona, os dois ficam presos dentro da garagem, uma
vez que este só se abre por fora.
A trilha
sonora do filme também mostra o contraste entre os dois cenários_ moderno e
tradicional. Nas cenas da periferia as músicas são sempre animadas ao passo que
na cidade moderna os sons que se percebem são somente aqueles produzidos pelas
máquinas.
Os cachorros
um elemento fundamental no roteiro, tinham forte relação com a interação entre
Gerárd e seus amigos. No entanto, uma vez que vivia em sociedade Gerárd agia de
forma consciente e não por instinto. Ou seja a viver em sociedade é negar o
natural.
Outro
contraste facilmente identificado no filme é percebido na relação entre as
ruínas e os prédios que podem ser entendidos como a modernidade ruindo com o
tradicional.
Para Gerárd,
seu tio Hulot, era muito mais interessante que seus pais. Seu tio era
descontraído, engraçado e despreocupado, o oposto do pai que estava sempre
preocupado com as regras e a mãe que tinha obcessão por limpeza, além disso
tinham um comportamento todo mecanizado. Gerárd também vivia entediado com seus
brinquedos em casa, preferindo as brincadeiras com os meninos da periferia, uma
vez que estas fugiam as regras de sua rotina mecanizada.
Jaques Tati
consegue mostrar em “Meu Tio”, o que a mecanização pode fazer com a vida das
pessoas que se entregam totalmente a ela, fazendo que passem de seres humanos à
máquinas.
Trailer - Meu Tio
Kiss bye!
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